A experiência de perder alguém que amamos é uma das mais dolorosas pela qual passamos. E apesar de fazer parte do nosso ciclo de vida, a morte nos assusta, nos fragilidade e, com muita frequência, não encontramos espaço para expressar nossos sentimentos e pensamentos, tão intensos e confusos. Desta forma, esta seção pretende abordar as perguntas mais frequentes das pessoas que viveram uma perda e que solicitaram nossa ajuda. |
| Toda perda implica um processo de luto? | | Luto é a experiência de perda que acontece sempre que nossa vida for afetada para sempre pelo término de uma relação, situação, projeto, sonho. | | | | Quais são as reações mais comuns no processo de luto? | | Podemos observar reações emocionais, físicas, cognitivas e comportamentais que podem durar alguns dias, ou mesmo, alguns meses, entre elas: Sentimentos: choque, tristeza, culpa, raiva e hostilidade, solidão, agitação, ansiedade, fadiga, anseio: desejo de estar com a pessoa falecida; desamparo e alívio. Sensações físicas: vazio no estômago, aperto no peito, nó na garganta, hipersensibilidade ao barulho, sensação de despersonalização: “Eu caminho na rua e nada me parede real, inclusive eu”; falta de ar, sentir a respiração curta; fraqueza muscular; falta de energia; boca seca; queixas somáticas; suscetibilidade a doenças, principalmente as doenças ligadas à baixa imunidade, estresse ou falta de cuidados com a saúde. Cognições: Descrença; confusão, déficit de memória e concentração; pensamentos; obsessivos; sensação da presença; alucinações. Comportamentos: distúrbio de sono; perda/ aumento de apetite; aumento no consumo de psicotrópicos, álcool e fumo; comportamento “aéreo”; isolamento social; evitar coisas que lembrem a pessoa que faleceu; procurar e chamar pela pessoa; sonhos com o falecido; hiperatividade e inquietação. | | | | Quando o luto termina? | | Não é possível precisar em termos de tempo. Na perda de familiar próximo, dificilmente a elaboração se dá em menos de um ano. Porém, podemos considerar alguns sinais que sugerem que a pessoa enlutada já lida melhor com a perda: a pessoa já é capaz de lembrar da pessoa que morreu sem dor (podendo sentir tristeza) e manifestações físicas (choro intenso, tensão no peito). Ela readquire interesse pela vida, sente-se mais esperançosa e se adapta a novos papéis. Porém, é fundamental compreender que o luto é um processo a longo prazo e não acontece de forma linear, sendo comuns e esperados, os episódios de “recaída”. Cada processo de luto é individual e, por isso, o ritmo e o estilo de cada enlutado deve ser respeitado e compreendido. Vale lembrar, que o processo de luto pode dar-se de modo normal ou complicado e, neste segundo caso, requer acompanhamento psicológico e, em alguns casos, psiquiátrico. | | | | Como a psicoterapia de luto pode me ajudar? | | A psicoterapia de luto é uma técnica desenvolvida e implementada há mais de trinta anos nos Estados Unidos e Europa e desenvolvida, no Brasil, há cerca de vinte anos. Por meio de nossa experiência clínica e acadêmica, desenvolvemos e acompanhamos pesquisas científicas realizadas com o objetivo de avaliar os resultados deste tipo de intervenção. Desta forma, assim como foi apontado por Worden (1991) podemos constatar que a psicoterapia de luto possibilita as seguintes mudanças diante do processo de luto: Alívio ou supressão dos sintomas; Mudanças com relação a perturbações da situação – problema; Adaptação à nova situação; Aquisição de consciência da enfermidade psíquica; Recuperação, elevação ou auto-regulação da auto-estima; Outras modificações favoráveis (referentes a dificuldades em diversas áreas da vida); Consideração de projetos para futuro. |
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