GULA

Impulso dá prazer, mas pode desencadear doenças graves como obesidade e bulimia

Ela é fato tão presente na vida das pessoas que até foi incluída na lista dos 7 Pecados Capitais, ganhou dia de comemoração ( todos os dias 26

de janeiro) e não há quem não tenha resistido ou capitulado a ela ao menos uma vez: a gula.

Se exceder na quantidade de comida e de bebida pode provocar um prazer enorme, mas, por outro lado, traz consequências não tão agradáveis à saúde e bem- estar do nosso corpo, como o sobrepeso e até a obesidade.

Mas por que será que é tão difícil dizer não às tentações gastronômicas da geladeira, das padarias, restaurantes, supermercados e das ruas?

"Quando comemos, nosso cérebro recebe uma carga de dopamina, hormônio responsável pelo prazer. Ao olha

r o alimento, ficamos com vontade de degustá-lo, porque nosso cérebro lembra-se do prazer que sentimos quando esta comida é consumida e aparece a vontade de comer determinado prato?, explica a nutróloga Paula Cabral, da Clínica Hagla, no Rio de Janeiro.

"O problema é quando este prazer que é benéfico para a saúde, age de forma descompensada no organismo e necessitamos de mais comida para que a produção de dopamina seja estimulada, daí comermos para satisfazer a gula e não a fome ", continua.



Os dois lados da gula

A gula é considerada um distúrbio alimentar, que se caracteriza pelo uso da comida como compensação por algo que não está indo bem em outras áreas da vida.

De origem emocional, ela desencadeada, principalmente por decepções. "É como se a pessoa descontasse a sua frustração nos alimentos", explica a nutróloga.

"Quando passamos a comer por impulso, ou seja, muito mais do que precisamos, as taxas de insulina em nosso organismo aumentam e nosso corpo se acostuma a ingerir sempre a mesma quantidade de alimentos, daí o aumento de peso", Paula.

Mas nem sempre ela deve ser vista como vilã. A gula é positiva quando funciona como uma reação natural do organismo diante da vontade de comer um determinado alimento e não interfere na saúde.

Quando é assim, a gula se apresenta de forma isolada e esporadicamente. "É muito bom quando ela está ligada a nossa vontade de comer um doce ou o almoço de domingo. Matamos a vontade de saborear as receitas, sentimos bem-estar e prazer e não prejudicamos nossa saúde física e mental", explica.

Quando comemos, nosso cérebro recebe uma carga de dopamina, hormônio responsável pelo prazer

O lado negro da comilança é que ela pode se transformar facilmente em um transtorno e provocar doenças, alterando o funcionamento físico e mental de nosso organismo. Só que muitas vezes a pessoa demora a se dar conta que a gula está fazendo mal.

"Normalmente, a consciência vem quando o peso já está bem acima do normal", diz Paula. Alguns de seus efeitos mais graves são:

-Obesidade: é o efeito mais comum da gula, já que a pessoa que come por impulso, em geral, não percebe de imediato que está com um distúrbio. "Como os níveis de insulina sobem e o organismo se acostuma com aquela nova quantidade de alimentos que a pessoa passa a ingerir por compulsão, o ganho de peso é inevitável", diz Paula.

- Provocar mais frustração e tristeza na medida em que a pessoa percebe que não está conseguindo resolver sua dor emocional através da comida.

"A paciente não consegue aliviar a dor ao comer muito e fica ainda mais deprimida, porque sabe que está exagerando na dose e vai engordar. O resultado desta situação é um problema duplo: a insatisfação com a vida emocional e com o próprio corpo", explica Paula.

-Anorexia e bulimia: a gula pode ser responsável por desencadear os dois problemas, já que em ambos os casos o paciente passa a estabelecer uma relação deturpada com os alimentos em função de aspectos emocionais. "A anorexia e a bulimia podem se manifestar quando a pessoa engorda demais em razão desta gulodice e para de comer ou rejeita os alimentos numa tentativa de perder peso".

Controlando a gula

A nutróloga Paula Cabral explica que o tratamento para a gula deve ser interdisciplinar e envolver nutricionistas e psicólogos para que causas e efeitos sejam controlados: "Não adianta fazer um tratamento alimentar com uma dieta equilibrada, se a paciente não resolveu seus traumas emocionais. Para que o problema seja resolvido, deve haver um equilíbrio entre corpo e mente", explica Paula Cabral.

Fique de olho nas dicas da especialista:

1.Reeduque seu cérebro, para trabalhar a compulsão pela comida. Antes de descontar as suas frustrações na comida, procure repensar suas atitudes e tente achar a origem do problema, assim, verá que comer demais não é a solução.

2. Coma devagar e apenas quando tem vontade de comer.

3. Não se prive de comer. "Às vezes trocamos o sorvete pela cenoura só para dizer que controlamos nosso impulso, mas depois de alguns minutos, tomamos o sorvete também. O segredo não está na restrição alimentar e sim na quantidade de alimentos que ingerimos", explica.

Vitamina A contra gula

Os últimos estudos envolvendo vitamina A têm tudo para mudar completamente o conceito de quem acha que, no máximo, ela é boa para a saúde dos olhos.

É que a vitamina A acaba de ser apontada como a mais nova aliada contra a obesidade. Estudos recentes realizados pela Universidade Federal do Rio de Janeiro apontam a relação deste nutriente com a leptina, o chamado hormônio da saciedade.

"A vitamina A pode ser encontrada em vegetais e frutas de tons alaranjados, como o mamão, laranja, abóbora e cenoura", explica a nutricionista Roberta Stella. Segundo as pesquisas, a falta da vitamina A diminui a produção de leptina, causando ataques de gula.

Por outro lado, quando os níveis de vitamina A estão abaixo da necessidade do organismo, as células de gordura (adipócitos) se multiplicam com maior facilidade.

E o que é pior: elas não só aumentam de quantidade, mas também de tamanho, provocando aumento de gordura localizada no corpo.

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